terça-feira, 24 de abril de 2012

Num Bairro Moderno


Num bairro moderno

Dez horas da manhã; os transparentes
Matizam uma casa apalaçada;
Pelos jardins estancam-se as nascentes,
E fere a vista, com brancuras quentes,
A larga macadamizada.
Titulo a sugerir um ambiente moderno, burgues

-Espaço: "casa apalaçado"; pelos jardins estancam-se as nascentes"; Rez de chausse repousam"; quartos estucados; rama dos papeis pintados.

-Tempo: Dez horas da manha

Estado psicológico do sujeito lírico: angustiado (desce para o seu emprego com sintomas de doença “tonturas duma apoplexia")

Por oposição a burguesia emerge o povo, símbolo da classe trabalhadora, na personagem da vendedeira de legumes: "rota, pequenina, azafamada";"ressoam-lhe os tamancos"...

No poema, identificamos as dicotomias cidade/campo e burguesia/povo

-O quotidiano citadino e rural

-A cidade enquanto espaço urbano e social; local por onde o poeta deambula, o que lhe permite recolher impressões circunstanciadas de lugares, ambientes, personagens. Figuram nos seus poemas tipos sociais característicos do espaço urbano - gente do mundo do trabalho e outros . A cidade de Cesário Verde é uma "cidade viva", em actividade, palco do progresso e, simultaneamente de injustiça social.

-O campo como espaço de superação dos limites e da humilhação; espaço de evasão, símbolo de saúde e de vida.

O sujeito poético transfigura o real através da sua imaginação:

"subitamente, que visão de artista"
melancia    -    cabeça
repolho      -    seios
azeitonas   -      francas do cabelos
nabos-ossos-cachos de uvas    -     olhos

Texto Lírico

O texto lírico é aquele que, recorrendo a um discurso denso, expressivo, breve e conciso, permite, artisticamente e com musicalidade e ritmo, exprimir as emoções, os sentimentos, os desejos ou os pensamentos íntimos que nascem ou se apresentam ao espírito, ou seja, ao mundo interior do "Eu". No texto lírico, predomina uma voz central, um "Eu" que, sem preocupações espácio-temporais, revela o seu olhar sobre o mundo, com que se funde, e aprofunda as suas vivências emocionais, os seus estados de alma, reflexões, conceções e sentimentos. Usualmente, recorre à enunciação na primeira pessoa, podendo traduzir entusiasmos individuais e coletivos.

Caricatura







Caricatura é o desenho ou pintura de uma pessoa ou objeto, de maneira exagerada, enfatizando e distorcendo pontos característicos. A distorção pode ser  humorística, ou grotesca. Também a caricatura pode distorcer e enfatizar os vícios, gestos e hábitos, criando um desenho muito mais parecido com o real




Rafael Bordalo Pinheiro foi um artista português, de obra vasta dispersa por largas dezenas de livros e publicações, precursor do cartaz artístico em Portugal, desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor. O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma visibilidade nunca antes atingida.

Cartoon

Um cartoon é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda, de caráter extremamente crítico retratando de uma forma bastante sintetizada algo que envolve o dia-a-dia de uma sociedade.

Cartoon é de origem britanica e foi utilizado em 1840

 
 
 
Este tipo de desenho é ainda considerado uma forma de comédia e mantém o seu espaço na imprensa escrita atual.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Conferências do Casino






Foram organizadas por Antero, Eça, Teófilo de Braga e outros. Antero fez a apresentação das conferências, indicando o vasto campo que elas focariam: Filosofia, arte, literatura, política, religião, etc., isto é, tudo o que pudesse interessar ao homem português de então.

A primeira conferência, sob o título Causas da Decadência dos Povos Peninsulares nos últimos três Séculos, foi pronunciada por Antero, o qual, em atitude demolidora, atribui a alegada decadência ao colonialismo, à acção da Igreja Católica saída do Concílio de Trento e ao abso­lutismo régio. Mais conferências se realizaram e Eça de Queirós, numa delas, focou o tema O Realismo Como Nova Expressão de Arte, onde traça as normas do romance realista. "O Realismo é a negação da arte pela arte; é a proscrição do convencional, do enfático, e do piegas. É a abolição da retórica considerada como arte de promover a comoção usando da inchação do período, da epilepsia da palavra, da congestão dos tropos. É a análise com o fito na verdade absoluta. Por outro lado, o Realismo é uma reacção contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do carácter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para condenar o que houver de mau na nossa sociedade".

Geração de 70




Deu-se este nome a um conjunto de intelectuais, escritores, que se afirmaram entre 1861 e 1871, impondo em Portugal um novo caudal de ideias e novos modelos literários vindo da Europa, que revestiram então em Portugal aspectos de uma verdadeira revolução artlstica e cultural.

Da Geração de 70 fazem parte Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Teófilo Braga, Ramalho Ortigão, Batalha Reis, etc. Foram alguns destes homens que tomaram parte na Questão Coimbrã e organizaram as Conferências do Casino.

Questão Coimbrã





Dá-se este nome a uma verdadeira guerrilha que surgiu quando Pi­nheiro Chagas, poeta romântico, publicou Poemas da Mocidade, dedicado a Castilho e que este elogiou de tal forma que propunha o seu autor para professor de literatura no Curso de Letras da universidade, ao mesmo tempo que fazia insinuações contra Antero de Quental. Este respondeu violenta e grosseiramente com o folheto Bom Senso e Bom Gosto, onde, entre outras expressões descorteses contra o velho e respeitável mestre Feliciano de Castilho, se destaca esta: "V. Excia. precisa menos cinquenta anos de idade, ou então mais cinquenta de reflexão".

Os escritores dividiram-se em dois grupos, uns apoiando o velho Feli­ciano de Castilho, outros, o jovem poeta Antero de Quental. Pinheiro Chagas e Camilo escreveram a favor de Castilho; Teófilo Braga, Eça de Queir6s e outros apoiaram Antero. A Questão Coimbrã terminou com um duelo entre Antero e Ramalho Ortigão, o qual, embora concordasse com as ideias de Antero, o atacou por ter sido descortês para com o velho Castilho.

A Questão Coimbrã não teria grande importância se ela não simbolizasse a luta entre dois grupos de escritores: os românticos e os realistas.

Realismo e Naturalismo


O Realismo apresenta-se como uma doutrina filosófica e uma corrente estética e literária que procura a conformação com a realidade. As suas características estão intimamente ligadas ao momento histórico, reflectindo as novas descobertas científicas, as evoluções tecnológicas e as ideias sociais, políticas e económicas da época.





O Naturalismo surge muito próximo do Realismo e chega a ser confundido com ele. Mas, se tem semelhanças, também tem diferenças. O Naturalismo pode definir-se como uma concepção filosófica que considera a Natureza como única realidade existente, recusando explicações que transcendam as ciências naturais. Graças às teorias positivistas e experimentais, passa a interessar-se pelo estudo analítico. Não lhe bastam os quadros objectivos da realidade, mas analisa também as circunstâncias sociais que envolvem cada personagem.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Vida e Obra de Eça de Queiros



- 1845: Em 25 de Novembro, nasce na Póvoa do Varzim José Maria Eça de Queirós.
- 1855: Entra como aluno interno no Colégio da Lapa, no Porto.
- 1861: Matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
- 1864: Conhece Teófilo Braga.
- 1865: Representa no Teatro Académico e conhece Antero de Quental.
- 1866: Forma-se em Direito. Instala-se em Lisboa, em casa do pai. Parte para Évora, onde funda e dirige o jornal Distrito de Évora.
- 1867: Sai o primeiro número do jornal. Estreia-se no foro. Regressa a Lisboa.
- 1869: Assiste à inauguração do Canal de Suez.
- 1870: É nomeado Administrador do Distrito de Leiria. Com Ramalho Ortigão, escreve O Mistério da Estrada de Sintra. Presta provas para cônsul de 1ª classe, ficando em primeiro lugar.
- 1871: Conferências do Casino Lisbonense.
- 1872: Cônsul em Havana.
- 1873: Visita os Estados Unidos em missão do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
- 1874: É transferido para Newcastle.
- 1876: O Crime do Padre Amaro.
- 1878: O Primo Basílio. Escreve A Capital.
- 1878: Ocupa o consulado de Bristol.
- 1879: Escreve, em França, O Conde de Abranhos.
- 1880: O Mandarim.
- 1883: É eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências.
- 1885: Visita em Paris Émile Zola.
- 1886: Casa com Emília de Castro Pamplona.
- 1887: A Relíquia.
- 1888: Cônsul em Paris. Os Maias.
- 1889: Assiste ao primeiro jantar dos "Vencidos da Vida".
- 1900: A Correspondência de Fradique Mendes. A Ilustre Casa de Ramires. Em 16 de Agosto morre em Paris.

Principais obras de Eça de Queiroz
· A Cidade e as Serras
· A Ilustre Casa de Ramires
· A Relíquia
· A Tragédia da Rua das Flores
· As Farpas
· Contos e Prosas Bárbaras
· O Crime do Padre Amaro
· O Mandarim
· O Mistério da Estrada de Sintra
· O Primo Basílio
· Os Maias
· Uma Campanha Alegre

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Biografia de Cesario Verde


José Joaquim Cesário Verde nasceu em Caneças, no concelho de Loures, a 25 de Fevereiro de 1855.

O seu pai era lavrador e comerciante, sendo proprietário de uma quinta nas imediações de Lisboa, em Linda-a-Pastora, e de uma loja de ferragens na baixa lisboeta, onde Cesário Verde chegou a trabalhar. Foi nestas actividades que repartiu a sua vida, fazendo do quotidiano o assunto da sua poesia. Desta forma, ia alimentando o seu gosto pela leitura e pela criação literária, embora longe dos meios literários oficiais com os quais nunca se deu bem, o que o levou, por exemplo, a abandonar o Curso Superior de Letras da Faculdade de Letras de Lisboa, que frequentou entre 1873 e 1874, e onde travou conhecimento com figuras da vida literária, como Silva Pinto, que se tornou seu grande amigo e, após a sua morte, compilador da sua obra.

Para além de algumas viagens curtas a Paris e a Londres, a sua vida resumia-se aos caminhos percorridos entre Lisboa e Linda-a-Pastora, e são esses mesmos caminhos e as pessoas desses locais que Cesário Verde reproduz na sua obra.

Aquando da sua entrada para a Faculdade de Letras, estreou-se com várias poesias nos jornais Diário de Notícias, Diário da Tarde, A Tribuna e Renascença, acolhidos com críticas quase sempre desfavoráveis. Em 1874, foi anunciada a edição de um livro de Cesário Verde, o que, no entanto, não aconteceu. Esta falta de estímulo da crítica e um certo mal-estar relativamente ao meio literário, fizeram com que Cesário Verde deixasse de publicar em jornais.

Assim, a partir de 1879, Cesário Verde empenha-se cada vez mais no auxílio nas tarefas da loja de ferragens e da exploração da quinta. Em 1872, a sua irmã morre, seguindo-se, dez anos depois, o seu irmão, ambos de tuberculose. Foi esta a doença que viria a vitimar igualmente o poeta, a 19 de Julho de 1886, apesar das várias tentativas de convalescença.

Só em 1887 foi organizada, por iniciativa de Silva Pinto, uma compilação dos seus poemas com o título de O Livro de Cesário Verde.