Personagem de Os Lusíadas que constitui uma
espécie de defensor da antítese à tese expansionista. Com efeito, este
velho «de aspecto venerando», com «um
saber de experiência feito», e, como tal, «digno de ser ouvido» - para
usar as expressões de Luís de Camões - interveio junto dos navegadores
portugueses que se aprestavam para partir para a empresa marítima da Índia, no
sentido de lhes alertar contra os perigos da ambição em excesso e da cobiça
pelas riquezas vindas do Oriente. Como solução alternativa, advogava a ida para
o Norte de África, onde havia praças-fortes a conquistar aos Mouros.
Deste modo, o Velho do Restelo representa a voz da razão num
momento de euforia e deslumbramento, a voz da experiência perante a
irreverência. Em certa parte, os seus conselhos acabaram por se revelar
proféticos, pois a prosperidade das Descobertas cedo se revelou fugaz,
seguindo-se a decadência económica e territorial. Além disso, as contrapartidas
da Expansão eram óbvias: jovens viúvas esperaram eternamente pelos maridos, a
sociedade portuguesa tornou-se ociosa e cega pela ganância.
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