Camões, apesar de ser católico, utiliza a mitologia pagã por
quatro razões:
a)obedece a uma regra dos poemas épicos (todas as epopeias a devem utilizar);
b)assegura a unidade interna da acção da epopeia (colocando
em oposição humanos e deuses);
c)embeleza a intriga (de outra forma seria um mero relato da
viagem);
d)serve para glorificar o povo português, comparando-o aos
deuses (valoriza os homens a quem Neptuno e Marte obedeceram).
Na sua epopeia Venus é a deusa que apoia os heróis
portugueses. Vénus era filha do Céu e da Terra. Também se diz que era
filha do Mar e que Saturno preparou o seu nascimento, formando-a da espuma das
águas. E há ainda quem afirme que era filha de Júpiter e da ninfa Dione,
sua concubina. Conta-se que Vénus, logo após o seu nascimento, foi arrebatada
para o céu, em grande pompa, pelas deusas Horas, que presidiam às estações, e
todos os deuses a acharam tão formosa, que a designaram deusa do amor e cada um
deles queria desposá-la. Foi Vulcano que a recebeu por mulher, por ter forjado
os raios com que Júpiter combateu os Gigantes, que queriam apoderar-se do céu.
Mas Vénus, não podendo suportar o marido pela sua grande fealdade, entregou-se
à vida dissoluta e teve muitos amantes, entre os quais Marte, filho de Juno e
deus da guerra, de quem teve Cupido. Vulcano, que a surpreendeu com Marte,
cercou o lugar com uma rede invisível e convocou todos os deuses para que
presenciassem o espetáculo.
Baco era o filho do deus olímpico Zeus e
da mortal Sémele. Deus do vinho, representava seu poder embriagador, suas
influências benéficas e sociais. Promotor da civilização, legislador e amante
da paz. Líber é seu nome latino e Dioniso é seu equivalente
grego.Juno, sempre preocupada e agastada contra as numerosas concubinas de
Júpiter, seu marido, aconselhou Sémele, quando esta estava grávida, a pedir a
Júpiter que se lhe mostrasse em todo o seu esplendor, ao que ele acedeu com
dificuldade. A majestade do deus desencadeou fogo no palácio, e Sémele morreu
nas chamas. Com receio de que Baco, que Sémele trazia no ventre, viesse também
a morrer queimado, Júpiter recolheu-o numa coxa até ao tempo do seu nascimento.
Foi então confiado secretamente a Ino, tia de Júpiter, que o criou com o
auxílio das Horas e das ninfas. Quando chegou a homem, Baco conquistou as
Índias e passou depois para o Egipto, onde ensinou a agricultura aos homens e
deu início à plantação da vinha. Salvou-se sempre das perseguições contínuas de
Juno e transformou-se em leão para devorar os Gigantes que ameaçavam Júpiter e
o céu. Depois da vitória sobre os Gigantes ficou a ser o deus mais poderoso, a
seguir a Júpiter. Baco representa-se, geralmente, sobre um coche puxado por
tigres, linces ou panteras, às vezes com uma taça em uma das mãos e na outra um
tirso, do qual se servia muitas vezes para fazer brotar fontes de vinho. Na sua
epopeia Baco é o opositor dos heróis portugueses.
Adamastor foi
o mítico gigante baseado na mitologia greco-romana, referido por Luís
de Camões n'Os Lusíadas, que representava as forças da natureza
contra Vasco da Gama sob a forma de uma tempestade ameaçando
a ruína daquele que tentasse dobrar o Cabo da Boa Esperança e
penetrasse no Oceano Índico, os alegados domínios de Adamastor. O
Adamastor tem, não só o papel de reforçar o positivismo da viagem, assim como o
Velho também; e de enfatizar o "mais que humano feito", referido
na proposição. Realçando a coragem do Herói, individual ou coletivo, que
enfrenta, apesar do medo, desafios mais que do poder do Homem, porque o herói
renega a sua emoção, segue a ordem de el-rei. Mais à frente o narrador
mostra-nos como este grande gigante tem uma fraqueza, um amor impossível,
mostrando que até o mais poderoso ser padece dessa doença benigna, que é o
amor.
Apolo é o Deus dos jovens que simboliza a pureza e
a perfeição. Apolo representa a harmonia, a moderação a ordem e a razão.
Neptuno era um deus romano do mar,
inspirado na figura grega Posídon. Filho do deus Saturno e irmão de
Júpiter e de Plutão. Originariamente era o deus das fontes e das correntes de
água.
Mercúrio era o deus encarregado de levar as mensagens de
Júpiter. Era o deus da eloquência, do comercio, dos viajantes e dos ladroes.
Vulcano,
Deus do fogo, era filho de Júpiter e de Juno. Como era extremamente feio,
Júpiter lançou-o para fora do céu; foi cair na Ilha de Lemnos, quebrou uma
perna e ficou coxo. Desposou Vénus, que não o pôde suportar, por causa da sua
fealdade e lhe foi muitas vezes infiel. Vulcano fabricava raios para Júpiter,
que com eles ficou vitorioso na luta contra os Gigantes, que queriam
apoderar-se do céu. Vulcano tinha as suas forjas nas ilhas de Lemnos e Líparo e
ainda no interior do monte Etna, na Sicília, onde trabalhavam os Ciclopes, seus
oficiais, que tinham um só olho a meio da testa. Vulcano representa-se
geralmente acompanhado por Vénus, como figura central; às vezes acompanhado de
Vénus, sendo ele a figura principal.
Marte era o deus romano da guerra,
equivalente ao grego Ares. O povo romano
considerava-se descendente daquele deus pelo facto de Rómulo ser filho
de Réia Sílvia ou Ília, princesa de Alba Longa, e Marte. Filho de Juno e
de Júpiter, era considerado o deus da guerra sangrenta, ao contrário de
sua irmã Minerva, que representa a guerra justa e diplomática. Os
dois irmãos tinham uma rixa, que acabou culminando no frente-a-frente de ambos,
na frente das muralhas de Tróia, da qual Marte se saiu perdedor.
Marte, apesar de bárbaro e cruel, tinha o amor da deusa Vénus, e com ela
teve um filho, Cupido e uma filha mortal, Harmonia.
As Tágides são as ninfas do Tejo a quem Camões pede
inspiração para compor a sua obra Os Lusíadas.
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