D. Manuel logo que assume o poder pretende dar continuidade aos desejos do
seu antecessor, na conquista de novos mares e de novas terras. Uma noite sonha
com «vários mundos», «nações de muita gente, estranha e fera» (IV, 69) e vê
«dous homens, que mui /velhos pareciam / de aspeito, inda que agreste,
venerando» (IV, 71). Estes apresentam-se como sendo os rios Ganges e Indo, que
afirmam a D. Manuel que é tempo de mandar «a receber de nós tributos grandes»
(IV, 73). O sonho prenuncia os êxitos, a fama, o poder e a glória de que se
cobrirá o Rei por ter conseguido descobrir o Oriente.
Os navegantes e, em especial, o comandante das naus, Vasco da Gama,
ultrapassam a sua individualidade ou a particularização do herói coletivo, que
é o povo português. São símbolo do heroísmo lusíada, do espírito de aventura e
da capacidade de vivência cosmopolita.
Nos vários
episódios e no recurso à mitologia, há elementos simbólicos importantes que
podem ajudar na interpretação dessa mensagem humanista e de exaltação lusíada
que Camões nos deixou.
O sonho é
um símbolo do que pode o espírito humano quando procura pôr em prática as suas
aspirações. É símbolo da capacidade de conquista, de vontade de ir sempre mais
além, de desbravar o desconhecido. E símbolo da política expansionista portuguesa
na época.
Estrutura do
Sonho
Apresentação de condições atmosféricas e Celestes (divinas) favoráveis
“claro Céu”= a proteção divina (“guardava”)
Classificação da ação
de D. Manuel I:
§ Sobrevalorizada pelo superlativo em “tão árdua”;
§ Dupla adjetivação de caráter positivo em “subidos e
ilustres movimentos”
Justificação:
herança dos antepassados:
“Manuel, que a Joane sucedeu / no Reino e nos altivos pensamentos”;
Exaltação da empresa marítima: “tomou mais a conquista do mar largo”
§ Advérbio de quantidade “mais” reforça a continuidade
da ação desenvolvida pelo antecessor, D. João II, mas sublinhando que a ação de
D. Manuel I foi mais longe;
§ Adjetivo “largo”- sublinha a grandiosidade da extensão
do ato.
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