terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Paralelismo entre o tempo da história e o tempo da escrita.


Na obra de Luís de Sttau Monteiro , Felizmente há um luar!, podemos constatar um paralelo entre o tempo da história e o tempo da escrita.

A ação decorre em 1817, momento marcado por uma grande agitação social, que levou à revolta liberal de 1820 – conspirações internas, a revolta contra a presença da Corte no  Brasil e influência do exército britânico. De facto, havia vários fatores que permitiam a crítica ao tempo da escrita, nomeadamente, o regime absolutista e tirânico, as classes sociais fortemente hierarquizadas, as classes dominantes com medo de perder privilégios, o povo oprimido e resignado, a “miséria, o medo e a ignorância”, o obscurantismo.
O Manuel, “o mais consciente dos populares”, denuncia a opressão e a miséria, as perseguições dos agentes de Bereford, as denúncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento que, hipócritas, e sem escrúpulos denunciam  a censura à imprensa, severa repressão dos conspiradores, os processos sumários e pena de morte, a execução do General Gomes Freire.

Paralelamente, no tempo da escrita, sobretudo, a década de 1950 a 1960, havia uma enorme agitação social: conspirações internam; guerra colonial, o regime ditatorial de Salazar desigualdade entre abastados e pobres, as classes exploradas, o povo reprimido e explorado, a miséria, medo e analfabetismo, o obscurantismo, mas crença nas mudanças a luta contra o regime totalitário e ditatorial absolutista, as perseguições da PIDE, as denúncias dos chamados “bufos”, que surgem na sombra e se disfarçam, para colher informações e denunciar, a censura, a prisão e duras medidas de repressão e de tortura, bem como a condenação em processos sem provas.
Podemos concluir que Sttau Monteiro utilizou habilmente a técnica da distanciação do teatro épico, levando o leitor/espetador a refletir sobre os problemas do seu tempo a partir de factos passados.

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